Ambiente experimental para publicação de material excedente do projeto Incubus e incubologia. Com pequenos contos relatívos a Incubus, Sucubus e qualquer outra tranqueira sem noção ou relação com os temas supra-citados...

Bem vindo?


Pressupostos deste blog sobre os leitores:
1) Os leitores são pessoas adultas, que já fizeram suas escolhas básicas na vida, conhecem-se o bastante para saber do que gostam e no que acreditam. Portanto os leitores comportam-se de maneira apropriada a adultos bem resolvidos e bem educados.
2) Os leitores são inteligentes, sabem que ficção é por definição algo que não existe e que para divertir-se com ela é necessário firmar um pacto com o autor, de que acreditará na ficção, pelo menos enquanto estiver lendo.
3) Os leitores são educados, sabem falar sobre assuntos delicados sem ofender ninguém e sem perder a elegância. Também sabem argumentar e expor seus pensamentos e sentimentos por escrito de maneira clara, correta e precisa quando sentem necessidade de comunicar-se uns com os outros.
4) Os leitores gostam de ler e terão tanto prazer na leitura quanto o autor na escrita. O autor deste, gosta muito de escrever, para acompanha-lo o leitor deve gostar de ler.

Se você não se enquadra em algum destes itens, não perca a maravilhosa chance de investir seu tempo em alguma atividade mais adequada, como por exemplo, rezar para que um dia você possa ser uma pessoa adulta também.

Pressupostos deste blog sobre a realidade:
1) Existe um Universo imanifesto, repleto de possibilidades, tudo o que hoje existe, existiu primeiro nele, até que em algum momento manifestou-se em algum mundo.
2) Existe um mundo espiritual. Este mundo contem coisas boas e ruins.
3) Existe um mundo físico. Este mundo também contem coisas boas e ruins.
4) Existe um mundo do meio, formando uma ponte entre o espiritual e o físico. Acessamos este mundo através de nosso pensamento. Nossa mente é o instrumento que possibilita navegar em diversos mundos, entre eles, o nosso mundo interior, o mundo mental compartilhado e o mundo do meio.

Neste blog, apresentarei em forma de ficção, um pouco do que vivi e presenciei no mundo do meio. Contarei as histórias dos personagens que conheci enquanto navegava através da imaginação por todos os mundos, manifestos ou não. Se você leu e compreendeu os pressupostos acima, lhe estendo o convite que até hoje só ofereci para meus melhores amigos: “Deixe-me levar sua mente para passear”.

Um grande e confortável abraço

=NuNuNO== Griesbach
( Que não sabe onde arranjará tempo de postar, porém, tem um plano. )

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

INCUBUS- Capitulo I - O nascimento de um arquétipo.


Capitulo I

O nascimento de um arquétipo

Aos poucos Amanda, tomou conhecimento de minha presença. Em algum momento a energia de seus orgasmos permitiu que eu me tornasse sólido o bastante para ser tocado, e para poder toca-la como sempre desejei tocar alguém. Em um certo dia especial, após o orgasmo mais intenso de todos, não voltei a minha habitual forma etérea. E após cinco anos de prazeres compartilhados, tivemos nossa primeira conversa:

---- Rommah? Hoje você resolveu ficar?
---- Hoje você me deu mais força do que normalmente, poderei ficar algumas, como se diz mesmo? Horas?
---- Mas eu, estou quase, sem forças, minhas pernas, ainda, tremem.
---- Logo passa, é só respirar um pouco.
---- Estou, tentando.

Eu sempre me apaixono profundamente por todas as mulheres que me alimentam, enquanto esperava que ela me invocasse com seu toque mais carinhoso e sensual, eu fantasiava como seria poder conversar com ela após nossos momentos de êxtase. Naquele exato momento, minhas fantasias estavam se realizando, porém, eu não saberia como começar qualquer conversa. Aliás, eu não tenho contato com o mundo há muito tempo, provavelmente eu seria uma péssima pessoa para conversar sobre assuntos atuais. Para minha sorte, logo após retomar seu fôlego, ela começou a me fazer perguntas, sobre mim, minhas origens, meu mundo e, estas perguntas eu podia responder.

---- Rommah é o seu nome verdadeiro?
---- Não, mas eu sempre gostei de ser chamado assim. É como um apelido...
---- Mas quando eu perguntei seu nome aquele dia, eu queria saber o verdadeiro e não um apelido.
---- Rom Maznizac Atzigani. Gostoso de ouvir, não?
---- Bom... Eh... Rommah... É um belo nome também. Significa alguma coisa?
---- Todos em minha tribo se começavam com Rom e terminavam com Atzigani. Rom era o nome de nossa tribo, Atzigani o nome de nossa magia...
---- Tribo?
---- Nasci humano em uma tribo cigana. Vivi com meus pais até os seis anos de idade.
---- Então você é um espírito cigano?
---- Não exatamente, minha história terrestre acabou influenciando minha história espiritual.
---- E você gosta do que se tornou?
---- Eu amo ter me tornado o que eu sou. Não consigo nem mesmo me imaginar com outra história para contar que não seja a minha...
---- Eu gostaria de ouvir...
---- O que? A minha história? Não sei se eu deveria...
---- Por que não?
---- Tenho medo.
---- Do que?
---- De deixar você com ciúmes... De você não pensar mais em mim... De não sentir seu sabor transbordar por meus lábios uma outra vez sequer... Isso me da medo.
---- Sua história é cheia de mulheres lindas?
---- Cheia de mulheres lindas por quem me apaixonei perdidamente e que me darão prazer ao relembrar.
---- Pode contar, eu prometo que não irei sentir ciúmes.
---- Nem um pouco?
---- Talvez um pouquinho só...
---- Quanto é um pouquinho?
---- Só o bastante pra lhe dar mordidas com mais força na próxima vez...
---- Eu heim? Você já quase me arranca pedaços gostando de mim...
---- Bobo, pode contar... Prometo que não vou arrancar nenhum pedaço importante...
---- Então, ta bom... Por onde você quer que eu comece...
---- Do começo...
---- O começo é estranho, eu era uma criança e, por mais que eu lembre das histórias que me contavam para dormir, eu não consigo recordar de quem me contava essas histórias.
---- Tudo bem.
---- A única lembrança que eu tenho de minha mãe, foi no dia em que ela me deixou.
---- Ela morreu?
---- Sim. Assassinada na minha frente.
---- Que terrível.
---- Não se preocupe, depois de morrer, é mais fácil curar as feridas causadas durante a morte do que as causadas durante a vida.
---- Você deve saber.
---- Eu sei.
---- Mas então? O que aconteceu? Aliás, como aconteceu?
---- Saímos do acampamento, pois os homens estavam brigando com outra tribo.
---- Você sabe qual?
---- Acho que eram os futuros gregos.
---- Como assim?
---- Na época aquela região era toda conhecida como Egito. Foi dividida depois.
---- Nossa, você deve conhecer a história do planeta inteiro!
---- Na verdade não, só sei o pedaço dela em que vivi... E mesmo assim, muito pouco.
---- Então me conte.
---- Todos os homens da aldeia foram mortos. Nenhum fugiu. Éramos um povo muito orgulhoso de nossa bravura. E esse orgulho não mudou o fato de que a outra tribo era mais numerosa que a nossa.
---- Puxa...
---- As mulheres e crianças foram levadas como escravos. Entre elas eu.
---- Você foi um escravo?
---- De certa forma, ainda gosto de ser. Especialmente, se eu for o seu escravo.
---- Disso eu também gosto... Mas eu quero ouvir a história...
---- Fui o primeiro a ser vendido. Fui comprado por três mulheres. Elas eram lindas, mas, todos pareciam ter medo delas.
---- Por que?
---- Elas eram as bruxas da cidade, em teoria, me compraram para um sacrifício cerimonial.
---- Mas isso é terrível! As pessoas acreditavam nisso?
---- Isso não foi o pior. Quando elas me levaram, minha mãe, que estava acorrentada na plataforma ao lado, começou a xingar e amaldiçoar com sua magia negra mais poderosa.
---- A magia funcionou?
---- Contra bruxas como as minhas donas? Não... A mulher que segurava minha mão olhou para traz, e sussurrou: “Mate-a”. O mercador naquele momento esfaqueou-a na garganta e, segundos após, chorou por ter estragado sua mercadoria. Eu nunca havia visto uma magia assim.
---- Nossa! Então elas eram bruxas mesmo?
---- Eram. Acho que eram. Sabe? Naquele momento eu percebi que não poderia fugir de meu destino com elas, fosse qual fosse.
---- Como assim?
---- Com meus pais mortos e o resto do meu povo escravizado, mesmo que eu fugisse, não teria para onde ir. Meu ultimo suspiro como cigano, exalei junto à minha mãe. Não sei bem explicar, mas, eu não queria ser sacrificado a deuses que eu não conhecia, eu queria conhece-los primeiro. Queria saber mais sobre aquelas três mulheres tão imponentes. Queria ter tempo para entender a morte de meus pais. Queria ter algum tempo para chorar...
---- Nossa. E o que você fez?
---- Eu decidi que seria o melhor escravo do mundo. Eu queria me tornar um bem tão precioso, que elas jamais poderiam querer sacrificar. Eu descobriria os mínimos desejos delas e as atenderia antes que me solicitassem. Elas eram tudo o que eu tinha. Eu estava disposto a fazer com que elas sentissem o mesmo por mim.
---- Isso é estranho. Funcionou?
---- Sim, funcionou. Quando chegamos na entrada de uma grande caverna, onde elas moravam, eu me apressei em ser útil.
---- Elas moravam em uma caverna?!?
---- Sim. Uma grande caverna, com muitos salões sinistros. Alguns muito sujos, onde elas atendiam as pessoas da cidade em troca de presentes e ouro, e outros, construídos e decorados, onde dormiam, estudavam e se amavam.
---- Então... Elas eram...
---- Elas eram amantes. Sim. Mas isso fazia parte dos rituais.
---- Para ser bruxa era necessário ser lésbica?
---- Não... Naquele tempo, chamavam de bruxa, qualquer mulher que soubesse ler. Elas sabiam. Falavam muitas línguas. E não eram lésbicas.
---- Mas elas faziam sexo entre elas, não faziam?
---- Sim. Um dos grandes segredos de uma bruxa, é toda a noite, imaginar-se amando o demônio.
---- Então todas as noites elas se masturbavam pensando no demônio?
---- Todas as noites elas masturbavam umas às outras, imaginando que o demônio se manifestava por seus próprios corpos.
---- Lésbicas.
---- Elas não eram lésbicas.
---- E você viu elas fazerem isso?
---- Desde a primeira noite.
---- Mas você era uma criança.
---- Sim e no momento eu tive uma compreensão completamente errada a respeito do que era magia.
---- Como assim?
---- Eu nunca havia presenciado nada assim e eu sabia que elas eram bruxas. Naquele momento, eu imaginei que aquilo fosse só algum tipo de bruxaria. Algo que apenas bruxas soubessem fazer.
---- E como você se sentiu?
---- Os movimentos que elas faziam, pareciam ser mais lentos do que a realidade, pela primeira vez em minha vida eu pude compreender o que era a sensualidade, os gemidos penetravam em minha alma ao mesmo tempo que me atormentavam. Eu queria ouvir mais. Eu olhava em seus olhos, seus rostos, e sabia que algo bom estava acontecendo com elas. Algo que eu desejei para mim.
---- E elas sabiam que você estava vendo tudo?
---- Elas haviam tirado minha roupa e me deram um banho em água limpa com cheiro de flores. Depois, comigo nu, sentado no chão olhando para elas, simplesmente começaram e não pararam mais.
---- Você parece gostar da lembrança.
---- Eu amo esta lembrança. Principalmente agora que consigo entende-la.
---- E depois?
---- No dia seguinte, acordei antes delas. Limpei tudo o que parecia estar um pouco sujo, e deixei tudo o que estava muito sujo do mesmo jeito.
---- Por que?
---- Eu imaginei, que algumas coisas eram deixadas sujas por algum motivo místico e preferi não mexer. Não queria irrita-las e sim, agrada-las.
---- E funcionou?
---- Elas não repararam no primeiro dia. Eu também não devia ser o melhor faxineiro do mundo sabe? Era uma criança. Pelo menos, naquele dia elas não me mataram.
---- Elas te mataram?
---- Eu chego lá.
---- Ok.
---- Eu passei as primeiras semanas sendo um criado invisível, eu limpava e cozinhava para agrada-las, mas, elas me ignoravam. Conversavam e agiam como se eu não estivesse lá. Eu estava atento a cada palavra, a cada pequeno gesto de satisfação. Era vital para minha sobrevivência que descobrisse a maneira exata de agradar a cada uma das três. E cada vez que uma delas sorria ao mastigar algo preparado por mim, eu sorria também imaginando que acabara de ganhar mais um dia de vida servil.
---- Espera um pouco. Elas não falavam em uma língua diferente da sua?
---- Só as vezes, de qualquer forma, as línguas naquela região eram todas muito parecidas. Acho que no fundo elas sabiam o que eu estava fazendo e gostavam de ser estudadas por alguém.
---- E você não tentava falar com elas?
---- Eu tinha medo de falar. Apenas ouvia e aprendia sobre elas. Já havia decidido que quando me fizessem uma pergunta, eu responderia exatamente o que elas desejavam ouvir, mesmo que não fosse verdade.
---- Você mentiu pra elas?
---- Não, nenhuma vez. Mas mentiria se isso pudesse faze-las felizes.
---- E quando vocês começaram a conversar, digo, como aconteceu?
---- Foi no dia em que elas falaram sobre mim o dia todo. Elas nunca haviam perguntado meu nome, se referiam a mim como “o menino”. Eu apenas continuava o meu trabalho, fingindo que falavam de outro menino com o qual iriam realizar o ritual.
---- Você deve ter sentido medo.
---- Medo foi pouco. Naquele dia, cozinhei como nunca havia cozinhado. Limpei como nunca havia limpado. Perfumei a casa com mirra. Tomei banho ao anoitecer e limitei-me a esperar que elas me buscassem para o sacrifício.
---- Não tentou fugir?
---- Nenhum homem de meu povo fugiu da própria morte, não seria eu o primeiro. Eu carregava dentro de mim a bravura dos meus antepassados, a honra de minha tribo e o amor de minha mãe. É claro que meus joelhos tremiam um pouco, mas, isso não fazia de mim um covarde.
---- Elas foram lhe buscar?
---- Sim. Como de costume, me levaram para assisti-las praticando sua masturbação coletiva.
---- Mas nenhum ritual?
---- Eu estava esperando que fizessem um ritual comigo, mas elas aparentemente nem imaginavam isso.
---- Então elas só estavam planejando.
---- Pois é. Mas eu confundi as coisas. De um momento para o outro, imaginei que eu seria convidado a participar daquele ritual maravilhoso que elas me faziam observar diariamente. Imaginei como seria toca-las, como seria sentir o que elas sentiam, e eu... Bem... Eu...
---- Não pare!!
---- Eu...
---- Você?
---- Eu tive a primeira ereção de minha vida.
---- Não acredito que você tenha vergonha de dizer algo assim.
---- É que é um sentimento confuso.
---- Como assim?
---- Eu achei que aquilo fosse o resultado de algum feitiço poderoso.
---- E não era?
---- Era sim. Um outro tipo de feitiço, mas nenhuma mulher precisa ser bruxa para lança-lo contra um homem.
---- E depois? O que elas fizeram com você?
---- Eu estava lá, olhando para meu pequeno pênis ereto pela primeira vez, com medo e ao mesmo tempo com muito desejo de toca-lo. Era como se ele estivesse implorando por um toque meu. Comecei a mover minhas mãos tremulas até ele, mas fui interrompido por uma delas.
---- Ela não deixou?
---- Não. Foi a primeira ordem direta que recebi de uma delas, ela disse para não me mexer e eu me paralisei. Ela levantou e perguntou para mim se aquilo já havia acontecido antes. Eu respondi que não. Ela sorriu, sorriu para mim, depois olhou para suas companheiras e disse uma palavra que na época eu ainda não conhecia o significado.
---- Que palavra?
---- Incubus.
---- Então ela sabia que você era...
---- Não sei. Acho que não, acho que elas me transformaram no que eu sou hoje.
---- Era isso que elas queriam fazer desde o início?
---- Creio que nunca vou saber. Provavelmente sim.
---- E como, bem, como isso é feito?
---- Primeiro ela me deu algumas ordens diretas. Para que eu nunca mais tocasse meu pênis foi a primeira. Ela me disse que era minha dona, que apenas ela e as outras duas poderiam toca-lo. Se eu o tocasse alguma vez, por qualquer motivo que fosse, elas me matariam. Eu deveria ter sentido medo, mas ela falava e passava o dedo tão próximo de minha glande que não havia espaço em minha mente para o medo. Eu podia sentir a temperatura do ar que se movia, mas, ela não me tocava. Por muito tempo não me tocaria.
---- Uau. E o que mais?
---- Ela disse que de agora em diante, eu nunca mais poderia ficar sozinho, uma delas sempre teria que estar comigo. E eu existiria apenas para servir a cada uma delas da maneira que desejassem.
---- Isso parece um pouco com sadomasoquismo.
---- Na verdade, os sadomasoquistas tem muito a aprender com minha primeiras donas.
---- O que mais ela te falou?
---- Ela mandou eu contrair meu anús cem vezes com toda a força, e contar em voz alta.
---- O que? Por que isso?
---- Quando eu contraia, meu pênis contraia junto, por alguns instantes ele ficava um pouco maior e elas apenas observavam. Hoje eu sei por que elas mandaram eu fazer isso, mas no momento, eu fiz apenas pelo prazer que eu sentia ao fazer.
---- Mas e por que?
---- É assim que os homens retém a ejaculação, elas estavam apenas me treinando para que eu nunca pudesse gozar como elas.
---- Mas por que não?
---- É um tipo especial de virgindade. Um homem que nunca derramou sêmen era o que elas precisavam para seu ritual, mas não deveria ser uma criança, e sim, um homem, cujo maior desejo possível fosse conhecer o orgasmo.
---- Elas nunca lhe deixaram gozar?
---- Nunca. Depois de minha primeira ereção, elas passavam o tempo todo comigo, conversavam comigo, dançavam para me excitar. E cada vez que eu me excitava, eu contava até cem contraídas com toda a força. Eu fazia isso até durante a noite. Dormia entre elas e se acontecia comigo dormindo, elas me acordavam e me faziam contar até cem em voz baixa.
---- E quando você ia ao banheiro?
---- Uma delas sempre vinha junto. Eu tinha que fazer tudo, sem encostar em meu membro. Acabei aprendendo a não acertar meus pés, mas demorou um pouco.
---- E sua vida inteira foi assim?
---- Claro que não. Foi assim até eu completar nove anos.
---- E o que mudou?
---- Até aquele dia, eu não podia me tocar e elas não me tocavam. Depois deste dia, cada vez que eu agradava uma delas, eu era tocado. Levemente com a ponta dos dedos e as unhas. Eram toques muito rápidos, mas faziam com que todo o meu corpo, e toda a minha alma vivenciassem aquele momento maravilhoso com toda a intensidade que é possível imaginar. Eu me excitava imediatamente. Depois dos nove anos, contava até duzentas contrações.
---- Então aumentaram seu salário?
---- Exatamente. Alguns dias especiais, elas pareciam sentir-se muito tentadas a tocar em mim, me pediam as coisas mais simples possíveis e depois me recompensavam. Eu passava esses dias inteiros contraindo e me deliciando.
---- Recebeu mais aumentos?
---- Sim, a cada ano que passava o número de carícias aumentava juntamente com o de contrações. Aos dez anos elas começaram a me pedir para arranhar levemente seus corpos logo após acordar, isso é claro, seguido de trezentas contrações para cada uma. Eu adorava. Elas mantinham minhas unhas um pouco longas para que meus dedos não tocassem a pele. Enquanto eu as arranhava suavemente e arrepiava seus pelos, eu imaginava como seria maravilhoso poder tocar seus corpos naquele momento. Eu sentia o cheiro delicioso que elas exalavam logo ao despertar, e desejava ardentemente poder prova-las e maravilhar meu paladar. Elas pareciam gatinhos sendo afagados, moviam-se vagarosamente, esticavam seus belos corpos para eu passar minhas unhas e depois me acariciavam algumas vezes seguidas.
---- Você está ofegante.
---- Desculpe, eu lhe disse que sentia prazer ao recordar.
---- Você parece tenso também, nervoso.
---- Na verdade, quando eu lembro de algo, eu vivo de novo. É como se eu estivesse acariciando cada uma delas agora mesmo. Espero que você possa entender isto.
---- Eu entendo. Sério! Não estou com ciúmes. Continue por favor.
---- Com dez anos, elas começaram a dar banhos em mim, depois, beijavam meu corpo, mas nunca onde eu queria ser beijado.
---- Lá?
---- Lá mesmo. Elas me deixavam tocar nelas, mas nunca onde queria toca-las. E elas permitiam que eu as beijasse, mas, nunca a boca.
---- Lá?!?!?
---- Não, sempre os pés. Eu poderia beijar os pés delas por horas, sem cansar. Eu beijava e lambia os pés delas enquanto elas se masturbavam, elas amavam isso e me agradeciam depois. Eu pagava feliz minhas quatrocentas contrações, aquele era o maior, e único, prazer que conhecia.
---- E com doze?
---- Aos doze anos, eu estava muito, muito nervoso. Eu sentia que algo iria explodir dentro de mim, elas então me ensinaram a controlar minha respiração.
---- Como assim?
---- Eu poderia cheira-las de perto, onde eu desejasse. Desde que eu respirasse fundo, e segurasse dentro de mim o delicioso aroma de seus corpos enquanto contraia. Elas não aumentaram o número de contrações, apenas fizeram com que cada uma delas demorasse mais. Se em algum momento eu respirasse mais rápido do que era desejado, minha dona simplesmente ia embora, sem me tocar, me privando das delicias de sua proximidade e desprezando-me durante o resto do dia. Aconteceu algumas vezes, foram sem duvida os piores dias de minha existência. Eu não podia nem mesmo pensar em ser desprezado por uma delas...
---- Então aprendeu a respirar como elas queriam.
---- Claro que eu aprendi, e junto com a respiração, aprendi a controlar meus nervos, pelo menos um pouco.
---- Como assim?
---- Era impossível, ignorar os desejos que gritavam no interior de minha alma, eu estava apenas a alguns centímetros de minhas donas, minhas deusas, sentindo o calor que seus corpos emitiam através de minha respiração, mas, não podia provar delas o sabor. Quantas vezes eu não tentei me convencer de que valeria a pena errar de propósito e morrer, apenas para sentir em minha boca por alguns momentos aquele maravilhoso suco que brotava de seus corpos. Minha língua tentava desobedecer às ordens a todo custo. A morte não parecia tão ruim quanto me privar de meus desejos.
---- E você suportou?
---- Usei minha língua para dizer o que eu precisava. E não para fazer.
---- E o que elas responderam?
---- Zombaram de mim, riram muito de meus desejos. Fizeram-me lamber seus pés até que eu não conseguisse mais mover um único músculo em minha boca. Depois, me consolaram dizendo que se eu fosse um bom escravo e elas não precisassem me matar, aos treze anos, deixariam-me beija-las até seus joelhos. Aos quatorze, eu beijaria suas lindas coxas, aos quinze, eu poderia beijar seus seios e finalmente ao tornar-me adulto com dezesseis, poderia beija-las e suga-las por todo o corpo.
---- Então você esperou?
---- Esperei, e sinceramente, valeu cada segundo de minha espera.
---- Uau, foi tão bom assim?
---- Era isso que eu desejava a cada contraída, era isso que fantasiava antes de dormir, era isso que eu sonhava enquanto dormia. Era a esperança de um dia ter a permissão de desfrutar do sabor daquelas mulheres que me fazia viver. Depois que eu pude prova-las. Vivi cada segundo de minha vida para poder saboreá-las novamente.
---- E fez muito isso?
---- Todos as manhãs e todos os anoiteceres até completar dezessete anos. Eu as chupava até que elas atingissem o orgasmo, cada uma de sua maneira, com suas preferências especiais, suas sutilezas para demonstrar prazer. A mais velha gritava em êxtase, tentava fugir de minha boca mas eu a perseguia e a segurava com força, e a cada espasmo de seu corpo eu sentia o prazer dela fervendo dentro de mim. A mais nova era silenciosa, seu corpo apenas saltava como uma cobra atacando sua vítima, encharcava minha boca com seu nectar, respirava e tremia como se fosse levitar, eu só parava quando ela parecia ter morrido, após isso, ela não se movia e nem abria os olhos por algum tempo, mas no momento em que olhava para mim com os olhos de quem acabou de voltar de um sonho maravilhoso, eu me sentia pleno. Finalmente, a mais bela entre elas, me segurava entre suas pernas, se esfregava em meu rosto, e galopava em minha língua, no momento do orgasmo me prendia entre suas coxas e apertava tão forte que me dava medo de estourar minha cabeça. Ela gemia e puxava meus cabelos, arranhava meus ombros inflamados, fazia sentir-me totalmente possuído por ela, por aquele momento, se era verdade que tudo e todos precisam morrer algum dia, eu desejava morrer ali, preso entre aquelas coxas perfeitas, oferecendo a ela o prazer que me alimentava.
---- Estou começando a ficar com ciúmes.
---- Espere, não te contei a melhor parte.
---- Qual parte?
---- Com dezessete anos fizemos um ritual com penetração.
---- É?
---- Elas me encaixavam dentro delas, e me mandavam contrair, varias vezes.
---- E você ficou louco?
---- Elas fizeram isso por três dias. Proibido de me mover mais do que a contração sob a ameaça mortal da adaga afiada nas mãos de cada uma delas.
---- E... O que... Elas fizeram depois? O que você fez depois?
---- No terceiro dia, eu não resisti. Era um movimento que eu desejava muito fazer. Acabou que meu corpo fez sozinho sem perguntar para mim se poderia ser feito.
---- Com qual delas?
---- Com a mais bela de todas. Ela às vezes contraía a própria vagina e se movia, puxava o meu corpo sensível. Em um desses movimentos, eu me movi também. Até hoje não sei explicar como pude desobedece-las assim.
---- Ela puxou meu cabelo e se moveu mais rápido. Eu me movia mais rápido, era meu instinto aflorando por todo o meu corpo, explodindo em uma sensação tão intensa e magnífica como eu nunca havia sentido, neste momento, em que eu quase conheci meu orgasmo, três adagas rasgaram meu corpo. Uma no pescoço. Outra no peito na altura do coração e outra em meu estômago.
---- Que dor!
---- Eu não senti nada. Meu corpo caiu por terra, mas meu espírito continuou naquele movimento frenético pelo prazer. Minhas donas sentiam isso acontecendo, festejavam a morte de um homem e o nascimento de um incubus.
---- Então neste momento você se tornou o que é?
---- Exato, “Incubus”, elas gritavam. Enquanto tocavam a si mesmas sentindo meu espírito as acariciando freneticamente em busca do prazer próprio. Mas quanto mais perto do orgasmo eu chegava, mais eu contraía meus músculos espirituais, sem saber, impedindo meu orgasmo de acontecer.
---- Nem depois de morto você não conseguia gozar?
---- Eu nunca consegui. Nunca conheci este prazer, mas, conheci muitos prazeres que, se tiver tempo pretendo lhe contar.
---- Eu quero que você me conte. Por favor, arrume tempo...
---- Acho engraçado falar sobre tempo. Na verdade, eu não o percebo hoje da mesma maneira que percebia enquanto estava vivo.
---- Como assim?
---- Adoraria lhe contar, mas meu tempo aqui está acabando...
---- Só mais um pouco, por favor.
---- Eu voltarei. Faça tudo igual da próxima vez e eu poderei voltar.
---- Fazer o que?

Tentei dizer para ela o que ela deveria fazer, mas, a imensa quantidade de energia vital que eu havia recebido havia se esgotado. O quarto escureceu e eu simplesmente desapareci no silencio.
Eu meu mundo particular no Universo espiritual, revivi minhas ultimas experiências, e podia sentir a paixão de Amanda ultrapassando as dimensões do espaço e do tempo para atingir-me em cheio. Durante toda minha existência eu só pude me sentir completo ao completar alguém por alguns míseros instantes, ao criar o prazer e a luxuria que me alimentam, Amanda conseguiu me completar de outra forma, mesmo tão longe de mim, ela ainda me fazia pleno.
Minhas ultimas palavras poderiam parecer um enigma, mas eu estava certo de que ela conseguiria repetir o ritual novamente, eu não mediria esforços para acreditar nesta certeza, principalmente por ser eu quem mais precisava de seu sucesso.

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